Desde pequena, tenho a mania de passear de
carro/ônibus olhando para uma paisagem muito instigante - e muito particular: o interior dos apartamentos dos outros. Aliás, talvez essa seja a mais remota lembrança que tenho a respeito desse meu apego à decoração. O fato é que meu coração sempre teve uma queda por essas casas lindas, possíveis e pé no chão. E não tô falando
de casa de revista não, longe disso. Não tô falando de
casa que se mostra. Tô falando de casa que se mora.
E se você também compartilha dessa mania um tanto "bisbilhoteira", saiba que você não está sozinha nesse barco. Juntas, já somos 3! "Ué? 3?". Sim! Eu, você e a Maria Fernanda, a nova colunista do Casa de Colorir, que chegou para dividir com a gente algumas das casas de verdade que ela tem o prazer de conhecer nessa vida. Com a palavra, Maria Fernanda:
Amo decoração. Ver paredes, móveis e cores refletirem a personalidade e a história de uma pessoa, de uma família. Sou daquelas que caminha pelas ruas espiando a janela dos outros. E ganho meu dia quando, em uma dessas espiadas, encontro algo cheio de vida, de criatividade. Foi nesse clima de bisbilhoteira que comecei a fotografar casa dos amigos, e dos amigos dos amigos, e dos amigos dos amigos dos amigos. Casas de verdade, com bagunça, com móvel descascando, incompletas e cheias de história. E, claro, lindas. Além de bisbilhoteira, também sou jornalista, blogueira, aspirante à artista plástica, pseudo-fotógrafa, decoradora-wannabe e mãe do menino mais fofo do universo. Aqui, vou dividir com vocês pedaços do mundo privado e infinito de pessoas que me inspiraram e, eu espero, vão inspirar vocês também...
(As fotos são quase sempre feitas em Brasília, cidade onde vivo. Quem achar que a casa merece ser fotografada manda um email para mfernandaseixas@gmail.com. Se você não for de Brasília, mande umas
fotos bacanas da sua casa!)
:: O quarto da Lívia e do Samuel ::
Mal recebe o exame positivo e a
futura mãe já está desenhando
na cabeça os traços do quarto que irá receber o filhote. Aquele quarto de bebê calmo, cheio de tons pastéis, imagens fofas e organização. Daí a mãe faz um
grande investimento em decoração e
realiza o sonho do quarto perfeito. Mas não
se dá conta que, em um piscar de olhos (literalmente), o bebê crescerá e se tornará uma criança vivendo no meio
daquele ambiente “hostil”. Falta cor,
espaço para a bagunça, criatividade. Essa história
aconteceu comigo (meu filho teve um quarto verde água de bichinhos da floresta que se transformou num quarto
maluco de todas as cores, com
super-heróis, mapas, dinossauros...) e acontece, acreditem, nas melhores famílias. Ninguém avisa a coitada da
grávida: “ei, não invista toda essa grana
em um quarto que só vai fazer sentido nos primeiros
12 meses de vida do bebê”. Claro que não é uma regra, mas poucos quartos de bebê comportam o universo
mirabolante da infância e, fazer um novo
projeto de decoração, muitas vezes, não é financeiramente
viável. Mas tudo tem solução. Não tem que raspar a poupança ou se endividar pra fazer essa transição
decorativa. Com a ajuda do rebento e de
boas ideias, dá pra transformar o quartinho tom pastel em um quarto vibrante, divertido e com a cara da imaginação do
seu filho.
Nesse clima “hand made” que a Tarsila, nossa primeira convidada da coluna, transformou o quartinho dos filhos Samuel, 3 anos, e Lívia, 2 anos, em um mosaico de cores, ideias, brinquedos e criatividade. Ela teve a sacada de não pesar a mão no clima "quarto de bebê" e já recebeu os filhos recém nascidos em um espaço neutro, que se adaptou às transformações inerentes à infância. Ou seja, sem precisar reformar, redecorar ou gastar grana, o quarto passou lindamente por todas as fases dos guris.
O quarto já teve berço, dois berços, berço e cama e, agora, duas caminhas. Os quadros foram chegando aos poucos (repara que alguns surgiram de dicas de posteres aqui do blog!). Base neutra e objetos modernos e coloridos.
A outra parede. O quadro que Tarsila fez pros filhos, o adesivo e as fantasias de dragão e princesa penduradas, sempre à disposição da imaginação e das mãozinhas inquietas.
Detalhes da parede. Tudo junto e misturado. Os círculos com as iniciais dos nomes das crianças também foram feitos pela super mãe.
A mesinha de centro foi um achado de brechó, pintado pela mãe. Recebeu um vidro como tampa, que comporta fotos divertidas embaixo.
Essas fotos quem fez foi a mãe, já que no dia que fui fotografar os meninos estavam na escola. Repara que o espaço ganhou um tapete lindo de retalhos.
Ficha técnica “Inspirando”:
Tarsila, 29, responde:
Quem vive ali: Tarsila Cruz, o marido Cristiano Mariz, e os pequenos Samuel e Lívia.
O que faz: Tarsila é jornalista e empresária. Ele é um super fotógrafo.
Definição do espaço: “Pensei em um espaço não estático, para que toda vez que precisasse mudar, fosse possível. É um espaço criativo e que permite que a criança também colabore com a decoração, que permite a criação sempre”
Peça favorita: “Gosto da parede colorida. A grande maioria dos objetos pendurados foi presente! E ter conseguido expor tudo junto de uma maneira maluca e engraçada, foi um modo de deixar o lugar com um carinho especial.”
Ainda falta: “Queria uma colcha de retalhos neutra nas caminhas deles. Almofadas apaixonantes e uma estante de parede para expor os livrinhos.”
Inspiração: “No kitsch. Uma coisa meio maluca. Sempre olho os blogs e
filtro as boas ideias.”
Dica: “Montar aos poucos. Não se afobar. O ambiente vai se formando com o tempo, não de uma vez. Com o tempo o quarto ganha mais personalidade. Lá, cada objeto tem uma história, cada quadro. As crianças valorizam isso.”
Samuel, 3 anos, e Lívia, 2, respondem:
Peça preferida: Para Samuel, a caixa de brinquedos no pé da cama. Para Lívia, o adesivo de árvores e o criado mudo com as fotos da família.
Ainda falta: Samuel gostaria que o quarto tivesse um espaço extra para montar um minizoológico com um hipopótamo, um urso “colar” e uma pantera negra. Lívia acha que falta ali um pula-pula rosa.
Maria Fernanda Seixas escreve a coluna "Aqui se Mora"e é dona do blog Quero Ser Vintage. Vamos dar as boas vindas pra ela? :)
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