1- Eu sou uma pessoa privilegiada, que possui um lixo exclusivo, separado dos demais mortais. Por onde ando, brotam na minha frente achados espetaculares, que ninguém mais enxergou, só eu! E, se calhar de algum outro terráqueo conseguir, por algum bug sistêmico, enxergar o mesmo lixo que o meu, o mesmo se desintegra no instante em que ele é capturado e toma forma novamente somente na mala do meu carro.
2- Eu sou a Pollyana do descarte. Ou seja: consigo enxergar o velho, o feio e o inútil com os melhores olhos. Olhos ingênuos? Talvez! Olhos que enxergam potencial até em lata velha de sardinha! A pessoa acredita que pode fazer um mundo mais bonito com tudo o que cata do lixo. Corre por campos floridos, cercada de passarinhos cantando, recolhendo amigas mesinhas, caixotes, gavetas e o que mais precisar de um toque de amor. Ai... que fofura...
E sabe por quê eu me pergunto isso? Porque algumas pessoas já me perguntaram: "Menina, mas que lixo é esse em que você encontra essas coisas? Nos lixos da minha vida eu não topo com nada disso!". E eu costumo responder que o lixo sempre esteve lá, mas não foi notado. Um exemplo disso foi o "lixo" que permaneceu por meses a fio ao lado da minha mesa do trabalho antigo. Depois de uma mudança de andar, as letras que formavam a frase "Simples Assim" na parede foram arrancadas e deixadas de lado. Algumas letras foram perdidas, outras ficaram amontoadas perto de onde ficava a minha mesa. Meses depois, em um dia de arrumação geral, cataram as tais letrinhas e as jogaram oficialmente no lixo. E falou lixo lá no trabalho, falou comigo! É a minha deixa! É como se falassem: "Thalita, é oficial, não queremos mais isso". Gastei alguns minutos tentando montar uma palavra que fizesse sentido, catei as letrinhas encardidas e trouxe pra casa:
MILSPE, SEMIL, LIMPES, SPEILM, SLIPEM... Passa letra pra cá, passa letra pra lá, tira um P, bota um S.... Palavra formada! Hora da brincadeira! Resolvi que, dessa vez, não ia apelar para a tinta em spray. Ia tentar uma nova técnica: forrar com tecido!
Materiais utilizados:
- Letras abandonadas
- 1 metro de tecido (usei um pano de Chita de R$ 3,99 o metro, comprado no Saara)
- Cola branca
- Pincel para cola
- Água para diluir a cola (medida no olho, só para deixar a cola mais fácil de espalhar)
- Tesoura
- Vinho, taça e abridor - totalmente opcionais e a gosto :)
Comecei tentando colar o tecido diretamente sobre a letra, como se fosse um adesivo, mas isso foi profissa demais pra minha capacidade, pois o corte do tecido tinha que ser cheio de curvas e dobras, seguindo o formato das letras! E cada letra tem 3 faces pra forrar (frente e as duas laterais). Como vi que ia demorar hoooras pra fazer esses recortes perfeitos, resolvi passar para o plano B. Cortar várias tiras e "enfaixar" as letrinhas.
Fitas e mais fitas, emaranhadas amorosamente no tapete.
Para não fazer muita lambança, não usei cola em toda a superfície. Colei uma pontinha da fita com cola, fui enrolando a fita bem firme na letra e só passei cola na outra extremidade da fita!
Quando a fita acabava antes da letra, colava a pontinha dessa e já remomeçava com uma nova fita, do ponto que a última acabou. Depois de todas as letras vestidinhas, deixei secar por 7 horas (descoberta: a cola diluída demora mais pra secar), enchi de fita VHB (também conhecida como super fita, fita banana) e rá! Parede!
Agora, logo quando que você entra aqui em casa, eu te convido para um gesto que não custa nada, mas vale muito: SORRIR!